janeiro 09, 2010

Reflectindo sobre o real envolvimento das crianças nas actividades de expressão plástica

Por vezes por detrás dos trabalhos plásticos expostos nas paredes das salas dos jardins-de-infância  ( por mais bonitos que sejam) parece haver um vazio enorme quer ao nível da efectiva participação e envolvimento da criança na elaboração dos mesmos; quer ao nivel da real significância que a actividade teve para a criança.

Urge questionar: que espaço existiu para a criatividade e para a descoberta? Porque será que o resultado final é semelhante para todas as crianças embora todas sejam diferentes? Será que todas as crianças têm de fazer as mesmas actividades?E da mesma forma?...

Nas actividades de expressão plástica na Infância não se deve esperar resultados perfeitos à visão do adulto; o que está em causa é a experiência, a aprendizagem, o prazer, as descobertas que a criança experimenta durante as actividades plásticas; o reforço da auto-estima ao sentir-se bem por ter conseguido criar, construir algo indpendetemente da aparência final se afastar dos padrões da perfeição dos adultos.
O adulto deve apoiar o processo mas não deve pressionar a criança.

As actividades plásticas deverão surgir contextualizadas nas vivências das crianças, partindo também das sugestões e interesses manifestados pelas crianças. Assim poderão tornar-se significativas para as crianças.

Durante as actividades plásticas as crianças devem ganhar confiança nas suas capacidades, desenvolver a motricidade fina bem como a criatividade e a imaginação.

Cabe ao educador admirar as obras das crianças; incentivá-las a criar, a experimentar; ajudá-las a sentirem-se felizes por criarem algo ainda que fique longe de padrões comuns de perfeição e beleza.

Afinal a beleza está nos olhos (e no coração) de quem a vê...


Reflexão sobre actividade plástica realizada em contexto de estágio:

«Porque são todos iguais os pintos musicais?                                                                      06-03-08



Esta semana, por sugestão da Bióloga comecei a desenvolver uma actividade que se integra na temática que tem vindo a desenvolver com as plântulas.
Sugeri-lhe então a construção de um pequeno pinto musical.
Curiosamente, ou talvez não, o que as plântulas mais gostam de fazer foi encher os copos com o grão que havia de ficar no interior do pinto; operação muito delicada que realizaram com muita concentração.
Começo a percebe-me como Bióloga conservadora; parece que eu não tenho uma relação lá muito amistosa com as paredes do jardim nem sequer com o tecto. Custa-me olhar para os objectos ali expostos a centímetros e centímetros das pequenas plântulas; tão longe; tão perto mas sem lhes puderem tocar, no fundo, tão inacessíveis quanto a lua.
Para mim qualquer actividade precisa de ter sentido para as plântulas, por mais simples que seja e depois, há tantas coisas, tantas hipóteses de criar… a imaginação não conhece limites por isso nós mesmo não os podemos estabelecer.
Ainda me falta aprender tanta coisa, questiono-me porque ficaram os pintos tão semelhantes; porque não dei oportunidade para que fossem multicolores; porque não perguntei a cada criança se queria que ele tivesse duas asas ou só uma? Sim, porque tem tudo de ser tão igual, tão padronizado, quando na verdade a Natureza à nossa volta nos mostra que a sua maior riqueza é a sua Biodiversidade?
(in Diário de Bordo "Expedição à Floresta-Jardim")

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